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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Meu Alentejo de Manhã


São 7,27h de um 9 de Janeiro de um ano 2012, o dia está a nascer, lusco-fusco. O céu está cinzento, ainda não se vê o sol a nascer nas minhas costas. Mas a lua na minha frente está grande e pálida, amarela. Parece perto da terra. Se correr por estes campos lá ao fundo consigo de certeza tocar-lhe. Está ali, detrás daquela azinheira.
A paisagem alentejana hoje não parece desolada. Não parece triste. Solitária. Talvez porque eu também não me sinta assim. Além disso de manhã a paisagem é sempre assim, com um toque de beleza. Até é bonita. Um caminho aqui, uma casa caiada ali. Azinheiras, sobreiros. Um tanque no meio do nada. Montes de feno para o gado que ainda dorme. Um monte em ruínas. O abandono, a fuga. A solidão. Pedras, sobreiros, azinheiras, neste meu Alentejo.
Nesta planície, um charco e lá ao fundo ao alcance da minha pequena mão a lua maior do que uma bola de futebol muito pálida, como se estivesse doente, desaparece detrás do monte à minha frente.
Detrás de mim o sol tenta romper, tenta aparecer, tenta dar luz a esta manhã. Para aquecer este dia que começou gelado e frio.
O termómetro tem vindo a marcar temperaturas entre 1º grau e 3º graus. Não vejo mais a lua. Ficou para trás ou escondeu-se indo iluminar outra paisagem agreste ou mais bonita.
Uma aldeia, as luzes ainda acesas, mas não se vê vivalma. Parecem aldeias adormecidas, como se os habitantes tivessem desaparecido durante o sono. Não fossem os carros com quem nos cruzamos na estrada (auto) e eu pensaria que estava sozinha no meu Alentejo enorme e solitário.
Já vejo vida. Uma manada de vacas que de mansinho se acerca do pasto. Afinal não estou sozinha. Há vida no meu Alentejo. Mais outra. As pessoas ainda se escondem no calor dos seus lares. Limpando as chaminés onde o lume foi morrendo durante a noite. Preparando as merendas para partirem para o campo. Para o seu dia a dia. Para o seu trabalho.

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