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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Portalegre


Aprendi a amar-te
No jardim da corredoura
Naquele banco vermelho
Naquela manhã com o sol brilhando
Pegaste na minha mão
Olhaste nos meus olhos
Caminhando pelo jardim
No lago, os cisnes olharam
Para nós e fingiram não nos ver
Deixando-nos amar.
Olhamos a Serra de São Mamede
Correndo até ao Miradouro
Com a nossa paixão
Lançamos ao vento sobre a cidade
Palavras quentes e amadas
Na Fonte dos Amores
Saciamos a nossa sede com beijos
Descansando logo ali.
Unimos nossas mãos
Na Capela de São Cristovão
Com os olhos na cidade que nos saudava
Fugimos pelo Jardim da Robinson
Atropelando os operários que ao som da sirene
Saem para o almoço, sem nos verem.
No Largo do Corro, paramos para ganhar folêgo e olhar
As pessoas que caminham sem verem a sua cidade
Descemos a rua
Passando pelos muros velhos da Muralha
Olho a Serra da Penha
Desafio-te
Olhas para mim
E alcançamos a Cruz num passo
E aí, num abraço infinito
Juramos Juras de amor eterno
Amor por ti, Portalegre.

Celeste Santos Pinto
Portalegre, 13 de Abril de 2019



quinta-feira, 4 de julho de 2019

Saudade


Mais um dia de Julho
Mais um dia que me lembro de ti
31 anos
Parece tão longe aquele dia 5.
Onde andas? O que fazes?
És feliz? Estás em paz?
Gostava de saber.
Por vezes quando vejo o teu retrato
Fico a pensar em que vida é que eu vivi contigo.
Observo a mãe a envelhecer e imagino-te
Pegares na mão da mãe e ires por essa estrada fora....
Mas não consigo. Não consigo imaginar-te com 84 anos.
Que seria a idade que terias se estivesses com a mãe.
Olho a minha irmã,
Olha a minha filha,
E vejo-te,
Nelas. Um olhar, um gesto, o cabelo, os olhos...
No entanto, sei que em algumas coisas
Eu sou igual a ti Pai....
Eu, logo eu....
Sei que sorris ao ler estas palavras.
Sei o que dirias se soubesses
Que esta tua filha escreve.
Sei exactamente quais a tuas palavras.
Que dirias à mãe...
E hoje, sei que rio, com essas palavras...
Aprendi a viver sem ti.
Doeu, doeu demais...
Imagino a minha vida contigo
Essa vida não seria a que teria hoje.
E fico dividida....

Tenho saudades tuas.
Mas para o ano,
Pai, cá estarei, para te escrever
Mais umas palavras sem nexo....
Para te fazer rir
Para dizeres:
“Só tu... A quem sais? A mim não!”
E dares uma grande gargalhada
.
Tenho saudades....
Até um dia destes....

5 de Julho de 2019
Celeste  Santos Pinto